Me Amar É…

Esses dias me peguei refletindo sobre por que damos tanto errado no amor ao próximo? Por que tantos relacionamentos não dão certo? Por que parece que o amor das pessoas pelo próximo se acabou?

Uma das conclusões a que cheguei foi que não se pode dar aquilo que não se tem. Se eu não me amo eu não tenho condições de amar em plenitude ã alguém.

Dessa forma resolvi refletir sobre o amor baseando-me em uma linda música do grupo Legião Urbana – Monte Castelo. O compositor da letra, Renato Russo, se baseou em dois grandes textos sobre o amor. O primeiro foi um soneto de Luís de Camões(1524 – 1580), poeta português  que lemos abaixo:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
 
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
 
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
 
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Mas nesse momento vamos usar o texto da música do Legião Urbana que  popularizou este poema e o texto bíblico de 1 coríntios 13 para retratar o amor no sentido de amor próprio… Amor por si mesmo.

Eu separei alguns fragmentos que gostaria de discutir tendo em vista o amor citado na música como o ideal de amor próprio.

“O amor é bom, não quer o mal…” fazendo a releitura “O amor [próprio] é bom, não quer o mal [para si mesmo] … 

Quantas escolhas fazemos para nós mesmos que são péssimas. Algumas destas até são involuntárias, mas outras nós bem sentimos que não deveríamos ter feito, mas silenciamos essa voz de alerta e fazemos. 

Ao me amar de verdade eu tento escolher coisas boas para mim. Eu presto atenção em como me alimento, no tipo de bebida que ingiro e até mesmo no tipo de informação que eu busco. Quando eu me amo profundamente eu não me mantenho em relacionamentos abusivos e nem permito que outros tenham poder sobre mim de me machucar.

Amar a si mesmo em profundidade é querer o melhor para si e isso não tem nada a ver com egoísmo. Até porque o egoísta tem uma noção de amor próprio tão prejudicada que se vê tão destituído de valor que necessita que tudo e todos girem ao seu redor e ajam em sua função. E isso não é amor próprio verdadeiro.

O próximo trecho diz: “Não sente inveja…”. Quando eu me amo profundamente, quando meu valor próprio está preservado eu não tenho um olhar de desejo sobre o que o outro tem. O invejoso tem uma autoestima tão baixa que vive vendo valor nas coisas do outro e não nas que possui e por isso inveja a vida alheia. O invejoso que viver a vida do outro. Ele pode até conquistar as coisas invejadas, mas estas não lhe trarão satisfação pois ele não se sentirá completo com elas…

A múscia continuar: “[o amor próprio não] “…se envaidece…”.

Quando eu me amo em profundidade eu não enxergo valor naquilo que ostento. Eu não preciso ser uma árvore de natal cheia de joias, relógios, carros e outras coisas para mostrar aos outros meu valor, uma vez que meu valor está naquilo que sou. O amor próprio enxerga valor em qualidade intrínsecas e profundas como suas habilidades, seu caráter integro e “no que você é…”. 

E aqui é uma parte difícil, o que você é? Não estou falando de profissão, de papel social, de ser pai/mãe ou algo assim, mas o que você é quando deita e fica sozinho a noite no quarto no escuro? Essa pessoa que você vê ali é digna de amor? Você consegue amar ela? Se você nem reconhece quem é esta pessoa ou consegue amar ela, talvez seu amor próprio esteja bem prejudicado. 

Neste ponto, não sermos vaidosos, na sociedade capitalista atual talvez seja muito complicado. Tudo que ela faz é para quebrar nosso amor próprio e colocar valor naquilo que podemos compra, naquilo que nosso dinheiro pode adquirir. Quanto mais você tem, quanto mais você ostenta, quanto mais você compra, mais valor você tem para a indústria capitalista. Porém nesta mesma proporção seu valor próprio se esvai…

Estudos mostram que pessoas que postam muitos “selfs” nas redes sociais na verdade possuem baixa autoestima. Outras pesquisas demonstram que o excesso de valorização da aparência física e do corpo também está presente em pessoas com pouco amor próprio. 

Quando eu desenvolvo o amor próprio em quantidade suficiente eu não preciso me envaidecer. Mas isso não é justificativa para não se cuidar e não buscar ter um corpo saudável, não querer se vestir bem. Lembre-se é o excesso que marca o patológico, nem oito nem oitenta

O próximo trecho é:

“O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente…”

Aqui aproveito para fazer uma crítica aos “coaches” e “digital influencers”. É incrível como neles o discurso de “eu consegui…”, “eu me amo…”, “eu não desisti…”, “eu isso… eu aquilo…” é um constante. É a famosa meritocracia. Óbvio que existem exceções, mas quem se ama de verdade não precisa ficar dizendo isso aos quatros ventos. E nem dizer que é por causa do tanto que se ama que ele conquistou o que queria. O amor é silencioso, ele não faz escândalo.

Na nossa geração chega a ser comum um post de uma “self” no Instagram® com uma legenda: “eu me amo mais que tudo…”, “ser feliz é conquistar o que se quer…”, será? Será mesmo que uma pessoa que se ama precisa colocar isso para julgamento de outros com curtidas e likes? E aguardar que outros validem seu amor próprio.

O poeta já dizia, amor “é fogo que arde sem se ver…”, quando menos esperamos o amor próprio já está dando frutos. E nem percebemos pois estes nascem naturalmente e não são pendurados como enfeites de natal numa árvore…

Quando eu me amo de verdade eu não preciso ficar dizendo e nem repetindo isso…

A música continua e tem outras partes igualmente lindas. Mas para não prolongar muito eu vou me atentar ao trecho que finaliza a música e que abre o texto bíblico. Vamos ler na versão da Bíblia A Mensagem…

“Se eu falar com eloquência humana e com êxtase própria dos anjos e não tiver amor, não passarei do rangido de uma porta enferrujada. 1 Coríntios 13:1 - MSG

O seja, se eu tive um lindo discurso e ser encantador como a voz de um anjo, mas se não tiver amor eu nada sou…

Sem amor próprio eu nada sou… Por isto, talvez estejamos passando por tanto sofrimento mental nos dias atuais. Quem sabe seja por isso que tantas pessoas estejam entrando em depressão ou pensando em desistir da vida. Talvez seja por isso que vemos tantas pessoas que não conseguem demonstrar empatia e consideração. O amor de muitos está ausente pois o amor próprio se esfriou. Se não me amo não sou capaz de amar alguém.

Uma das causas disso, volto a dizer, é o capitalismo nos pisoteia em nosso amor próprio ditando o tipo de corpo, de roupa, de carro e de vida que temos que ter… E quando não alcançamos nos sentimos os piores. O capital vive de dizer que você está inadequado, que seu corpo está ruim, que você não atingiu um padrão satisfatório justamente para que você possa gastar dinheiro buscando valor no externo. Investindo nas aparências…

As redes sociais nos massacram diariamente com a vida “linda e cheia de felizes para sempre…” das pessoas. Nunca o ditado “a grama do vizinho sempre é mais verde” fez tanto sentido. Mas se a grama de esta mais verde é só você cuidar da sua que ela também vai ficar verde, do seu jeito, mas vai. 

E não podemos esquecer da religião tóxica que existe para dizer que “devemos pensar sempre nos outros”,  “sempre aceitar tudo que o outro nos faça” e até mesmo nos aconselham a permanecer “em relacionamentos abusivos que só nos destroem pois se você ama de verdade você tudo suporta…”. Tal teologia intoxicante é facilmente explicável uma vez que menos amor próprio menos pensamento crítico. Desse modo as pessoas são mais facilmente manipuláveis e se tornam mais vulneráveis ao controle dos lideres religiosos… Só que estes mesmos esquecem que na Bíblia está escrito em forma de regra de vida: “amar a si mesmo e ao próximo na mesma…”. Não está dizendo ame mais o outro e a você menos.

Vendo assim, nesse contexto amplo vivemos numa época na qual nunca foi tão difícil se amar. Mas a música Monte Castelo já dizia: “…Sem amor [próprio], eu nada seria…”.

Sem amor por mim mesmo eu nada sou… Vou repetir, sem amor por mim mesmo eu nada sou…

Por isto cuide: do seu corpo, da sua mente, do que você come, com quem você divide seus sentimentos e com quem você compartilha sua intimidade

Se ame mais pois sem amor você não é nada…

Outubro Rosa e o Câncer de Mama

cancer de mama

Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos.

O câncer de mama é o mais incidente na população feminina mundial e brasileira, excetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma.

No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Tocar o próprio corpo e reconhecer sinais de possíveis mudanças é uma importante ferramenta de empoderamento da mulher frente à própria saúde, mas não substitui a mamografia, por exemplo.

A idade é uma das causas apontadas como principais, mas sabemos que o risco pode aumentar com os hábitos de vida e fatores genéticos associados.

Alguns dos fatores de risco são:

  • Obesidade e sobrepeso após a menopausa;
  • Sedentarismo (não fazer exercícios);
  • Consumo de bebida alcoólica;
  • Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X).
  • Primeira menstruação antes de 12 anos;
  • Não ter tido filhos;
  • Primeira gravidez após os 30 anos;
  • Não ter amamentado;
  • Parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos;
  • Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona);
  • Ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos.
  • História familiar de câncer de ovário;
  • Casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos;
  • História familiar de câncer de mama em homens;

O câncer de mama em homens é raro. Estima-se que, do total de casos da doença, apenas 0,8% a 1% ocorram em pessoas do sexo masculino.

Mudar estilo de vida pode reduzir 28% dos casos de câncer de mama de inflamação generalizada, o que a torna mais vulnerável a fatores cancerígenos. O recomendado é que o índice de massa corporal não ultrapasse 25, prevenindo 14% dos diagnósticos.

Deixar de lado o sedentarismo e queimar as gorduras levam a um equilíbrio dos hormônios e isso age de forma protetora contra o câncer. Mas comece em ritmo moderado, como uma caminhada mais acelerada, e por, no mínimo, 30 minutos diários. Com o tempo, a dica é tentar aumentar a intensidade ou estender o período. Essa medida isolada pode diminuir em 11% os casos de câncer de mama.

Alimentos de origem vegetal: frutas, legumes, verduras e leguminosas (como feijão, lentilha, grão-de-bico). Têm o poder de inibir a chegada de compostos cancerígenos às células e, ainda, consertar o DNA danificado quando a agressão já começou.

É importante que as mulheres observem suas mamas sempre que se sentirem confortáveis para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.

As mulheres devem procurar imediatamente um serviço para avaliação diagnóstica ao identificarem alterações persistentes nas mamas. No entanto, tais alterações podem não ser câncer de mama.

Os principais sinais e sintomas do câncer de mama são:

  • Caroço (nódulo) fixo, endurecido e, geralmente, indolor;
  • Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
  • Alterações no bico do peito (mamilo);
  • Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço;
  • Saída espontânea de líquido dos mamilos

Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.

No Brasil, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher.

A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização da mamografia a cada dois anos e do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária e a periodicidade bienal é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama. Tal estratégia pode reduzir a mortalidade por câncer de mama pode chegar a 25%

Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia diagnóstica em caso de resultado alterado do exame médico. Segundo a OMS, a inclusão desse grupo no rastreamento mamográfico tem hoje limitada evidência de redução da mortalidade

Além desses grupos, há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado de câncer de mama, cuja rotina deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais.

Segundo o Consenso de Mama, risco elevado de câncer de mama inclui:

  • História familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos;
  • Câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade;
  • História familiar de câncer de mama masculino;
  • Histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipía ou neoplasia lobular in situ.

A definição sobre a forma de rastreamento da mulher de alto risco não têm ainda suporte nas evidências científicas atuais e é variada a abordagem deste grupo nos programas nacionais de rastreamento. Recomenda-se que as mulheres com risco elevado de câncer de mama tenham acompanhamento clínico individualizado.

O importante é a mulher passar em avalição médica anual e ao perceber qualquer alteração no seu corpo procurar ajuda especializada. E como vimos hábitos alimentares e de exercícios físicos podem diminuir muito o risco de se ter câncer de mama.